Gangsta Rap ganha versão gospel
Você já ouviu falar no estilo gansgta gospel? O estilo baseado nos gângsteres dos Estados Unidos que já conta com alguns representantes na periferia de São Paulo e da Grande São Paulo.
A jornalista Anna Virgínia Balloussier, do blog Religiosamente da Folha de São Paulo, conversou com alguns representantes desse novo estilo que tem como objetivo apresentar uma saída para jovens que encontram-se no mundo da marginalidade.
Entre os representantes do gênero a jornalista conversou com o Pastor Ton, 36 anos, que coordena os trabalhos da Comunidade Profética Descendentes de Davi em Guainases, zona leste da capital paulista.
“O gansgta diz que tá rolando, mas não mostra saída. O gangsta gospel fala, ‘ó, tá rolando isso’, mas tem uma saída. Deus”, disse ele que compõe canções com trechos que dizem: “no meio da Babilônia o demônio impera com um fuzil em punho” ou “a fumaça encobre o rosto de Lúcifer”.
Antes de se tornar pastor, Everton Santos, o Pastor Ton, andava pelo bairro com um revólver calibre 32. Ele era rapper e fã do cantor Mano Brown. Certa vez ele resolveu parar e entrar em uma igreja Assembleia de Deus e se converteu.
As regras da igreja o fizeram desistir do seu estilo, cortando o cabelo, tirando o brinco e trocando as roupas largas por trajes sociais.
Com saudade da vida que ele levava, Everton resolveu assumir seu estilo e levar o Evangelho para quem não escutaria um pastor de terno e gravata. “Entro em lugares que a música dos caras de terno e gravata não vai entrar”, disse o pastor.
Seguindo esta mesma opinião está Márcio Santos, 33 anos, ex-traficante de Francisco Morato (Grande São Paulo) que certo dia resolveu tirar a própria vida se jogando na frente de um carro. “Aí escutei Deus falar comigo. ‘Não se joga, Márcio, vai para a igreja’”, e foi assim que ele se converteu e abandonou o crime.
Márcio hoje é integrante do grupo Terceiro Dia que segue a linha gangsta gospel com letras que falam sobre o mundo do crime. Nesse mesmo propósito está Paulo Deivid, 31 anos, do grupo Profetas da Z/O (sigla de Zona Oeste), que mora em Carapicuíba.
Questionado sobre o estilo que se vestem, Deivid diz: “As pessoas mais tornas e mais erradas, que mais roubam no país, não andam dessa forma, andam muito bem vestidas.”
“Nosso foco é resgatar os mano da rua como a gente foi resgatado”, diz ele que antes de se converter era um “loucão, que chapava de bebida”.