Published On:domingo, 19 de agosto de 2012
Postado Por Unknown
Dize somente uma palavra e o meu criado há de sarar
"Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a
ele um centurião e rogou-lhe: Senhor, o meu criado az em casa paralítico,
padecendo horrivelmente. Disse-lhe: eu irei curá-lo. Mas o centurião respondeu:
Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; mas dize somente uma
palavra e o meu criado há de sarar. Porque também eu sou homem sujeito à
autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: vai ali, e ele vai;
a outro: vem cá, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Jesus
ouvindo isto admirou-se e disse aos que o acompanhavam: Em verdade vos afirmo
que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. E digo-vos que muitos virão do
Oriente e do Ocidente, e hão de sentar-se com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos
Céus; mas os filhos deste reino serão lançados nas trevas exteriores; ali
haverá choro e ranger de dentes. Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e como
crêste, assim te seja feito. E naquela mesma hora sarou o criado."
(Mateus, VIII, 5-13.)
Cafarnaum, era uma das grandes cidades da Galiléia,
muito próxima à foz do Rio Jordão, onde João Batista costumava fazer suas
pregações, convidando o povo ao arrependimento dos pecados.
E como ficava na estrada comercial que ia da cidade
de Damasco ao Mar Mediterrâneo, o governo romano tinha lá uma milícia composta
de cem soldados, sob a direção de um comandante.
Esse comandante tinha o titulo de centurião,
justamente porque comandava cem soldados. Pelo que se compreende do trecho que
acabamos de ler, logo que o centurião teve conhecimento da entrada de Jesus na
cidade de Cafarnaum, sem mais detenças fardou-se e foi à procura do Moço
Nazareno, e, encontrando-o logo, queixou-se do mal de que sofria o seu Criado:
"O meu criado jaz em casa paralítico, padecendo horrivelmente."
Ora, sendo Cafarnaum uma cidade populosa, de certa
importância, a ponto de ser guardada por uma milícia de cem soldados, comandada
por um centurião, havia forçosamente alguns "médicos" ali
residentes—pois naquele tempo já os havia; tanto assim que um deles, Lucas, se
tornou apóstolo de Jesus.
Pelo que diz o Evangelho, podemos ainda ficar
sabendo que a moléstia que acometera o criado do Centurião era paralisia, e
paralisia que ocasionava grandes sofrimentos; sabemos ainda mais, que a
moléstia do homem era grave, e que esse servo do centurião, segundo afirma
Lucas, que era médico, estava até moribundo, nas vascas da agonia, às portas da
morte é impossível, pois, que o centurião, que era pessoa de recursos, e que
muito estimava o seu servo, não houvesse chamado médicos para tratá-lo!
O doente não podia ter ficado até aquele momento
sem medicação, embora a medicação não lhe tivesse dado melhoras .
Provavelmente desanimado com o tratamento da
Ciência daquele tempo, o centurião, homem instruído, sabendo das curas que
Jesus havia operado, pois, pouco antes de entrar em Cafarnaum, o Mestre tinha
curado um leproso, deliberou valer-se do Grande Médico Espiritual para curar o
servo.
E sabiamente agiu o centurião, porque seu pedido
foi recebido com toda a consideração:
“ Eu irei curá-lo", disse Jesus. Admirável
frase esta: "Eu irei curá-lo"!
Qual é o médico que, sem ver o doente, sem
perscrutar, sem examinar; sem ver os olhos, tocar o ventre, o fígado, o peito
ou as costas; sem auscultar o coração ou os pulmões; sem fazer análise de
urina, ou de escarros, ou de fezes; sem inquirir do doente, ou da pessoa que o
assiste, onde sente dor; se come, se bebe, se tem febre, pode dizer
categoricamente a qualquer que o chama para socorrer um sofredor: "Eu irei
curá-lo"?
Sabemos que todos os médicos podem dizer, ao serem
chamados para assistir um doente: "Eu irei tratá-lo", mas dizer:
"eu irei curá-lo"?!
Só houve um na Terra que, sem tomar pulso, sem pôr
termômetro, sem perguntar sintomas e sem ver o doente, nem lhe saber o nome,
nem lhe indagar a idade, pode afirmar sábia e categoricamente, quando lhe
pediram auxilio: "Eu irei curá-lo"!
Eis porque sempre afirmamos que Jesus foi o maior
de todos os médicos e que ninguém foi, nem é tão sábio quanto ele. O Mestre não
tratava de doente, não alimentava moléstias; curava os doentes, matava as
moléstias. A sua ação no mundo foi verdadeiramente estupenda, extraordinária,
maravilhosa. Só ele era capaz de fazer o que fez; só ele é capaz ainda hoje de
fazer o que nos precisamos; e o fará, se, como o centurião, soubermos
implorar-lhe assistência.
Vimos que Jesus se prontificou imediatamente a ir à
casa do centurião para curar o enfermo. Mas, que pensou o centurião sobre a
resposta do Mestre?
"Senhor! Não sou digno de que entres em minha
casa; porém dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. Porque também
sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo a um:
vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; ao meu servo: faze isto, e ele
o faz."
Quantos ensinamentos se tiram destas palavras, que,
não sendo de Jesus Cristo, foram, entretanto, proferidas diante dele e
mereceram a sua aprovação! "Eu não sou digno de que entres em minha
casa." É esta a frase que todos nós deveríamos sempre, em nossas orações,
em nossos rogos e de todo o coração, dizer ao Mestre, quando, todos os dias,
lhe solicitamos graças e benefícios: "Senhor ! dá-nos isto ou aquilo;
faze-nos este ou aquele beneficio, mas não venhas a nossa casa, porque não
somos dignos de que entres em nosso lar. Nossas paixões, nossos vícios, nossa
inferioridade e o nosso coração pequenino nos fazem envergonhar em tua
presença."
Mas, infelizmente, não é isso o que dizemos.
Não, não era preciso que Jesus entrasse em casa do
centurião para que o servo desse comandante ficasse livre da enfermidade; assim
como não era preciso que o centurião fosse pessoalmente abrir as "portas
do cárcere" para libertar dele um prisioneiro que desejasse soltar.
"Também eu sou um homem sujeito à autoridade,
Senhor; não és só tu que estás sob o domínio da autoridade; eu também o estou;
com a diferença de que a minha autoridade é da Terra e a tua é do Céu. O meu
chefe é o governador romano; o teu chefe é o Governador do Universo. Mas,
apesar disso, eu tenho soldados à minha disposição; assim como também sei que
tu tens legiões de Espíritos santificados pela tua Palavra, que estão sob o teu
domínio. Eu digo a um dos meus soldados: vai para lá, e ele vai; a outro: vem
para cá, e ele vem; a outro: faze isto ou aquilo, e ele o faz; tu, pela mesma
forma, mandas na tua milícia; teus soldados e teus servos fazem tudo o que tu
ordenas, assim como os meus fazem tudo quanto eu ordeno. "Dize só uma
palavra, e o meu criado há de sarar", porque eu também, quando quero fazer
qualquer coisa, seja prender um turbulento ou libertar um prisioneiro, digo só
uma palavra, e são cumpridas imediatamente as minhas ordens!
E Jesus, maravilhado ante a fé que amparava o
centurião, cheio de alegria diante das palavras do soldado romano, vira-se para
seus discípulos e lhes diz: "Em verdade vos afirmo, que nem mesmo em
Israel achei tamanha fé!"
A luz não foi feita senão para iluminar, assim como
a Verdade para libertar, a Esperança para consolar e animar, a Caridade para
amparar e purificar, e a Sabedoria para guiar e engrandecer!
Foi esta a Fé que Jesus saudou com alegria, quando
a viu cultivada pelo soldado romano; foi esta a Fé, engrandecida pelos conhecimentos,
purificada pela humildade, santificada pela prece na pessoa do centurião, que o
Mestre justificou, dizendo: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel
achei tamanha fé!"
Além de dizer aos seus discípulos perto do
centurião: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei
tamanha fé", o Mestre acrescentou, ainda, como para servir de incentivo
àqueles que o ouviam, para que estudassem, para que fizessem também crescer a
fé que possuíam:
"Digo-vos que muitos virão do Oriente e do
Ocidente e hão de sentar-se com Abraão, Isaac e Jacó no Reino dos Céus; mas os
filhos deste reino serão lançados nas trevas exteriores e ali haverá choro e
ranger de dentes."
Aqueles que estiverem fora das Igrejas que
paralisam o crescimento da Fé; aqueles que têm a felicidade de não pertencer a
esse Reino do Mundo, onde os sacerdotes aprisionam as almas, a política deprime
o caráter e a ciência balofa entenebrece; aqueles que estão no Oriente ou no
Ocidente, de um lado ou de outro, mas não estão dentro do Reino do Farisaísmo;
aqueles que não são filhos desse reino, porque só têm como paternidade, como
domínio o Reinado de Deus Hão de sentar-se à mesa espiritual, onde lhes serão
oferecidos novos e ainda mais saborosos manjares, para engrandecerem mais ainda
a sua Fé, para tornarem-na maior, mais robusta, mais viva, mais luminosa, mais
sábia, mais divina! E os filhos deste reino, deste reino da mentira, da
mercância, do orgulho, da hipocrisia, das exterioridades e da idolatria,
ficarão imersos nessas mesmas trevas por eles criadas; estagnaram a crença,
como uma poça d’água na estrada; abdicaram os direitos do crescimento, do engrandecimento,
da floração dessa plantinha cuja semente Jesus lhes colocara no coração; não
terão nem árvore para sombra, nem flores para perfume, nem frutos para
alimento; e chorarão de fome, e quebrarão os próprios dentes ao rangê-los no
sofrimento, nas trevas!
E havendo Jesus dado todos esses ensinamentos a
uns, e bênçãos a outros, pois que tanto os ensinamentos, como os aplausos do
Mestre, são bênçãos de perfeição, ou seja, de aperfeiçoamento, depois de Jesus
haver exaltado a Fé do Centurião, concluiu a sua lição dizendo ao comandante da
milícia:
”Vai-te, e como creste, assim te seja feito!"
"Como creste, assim te seja feito" e o
centurião foi e, encontrou o seu criado curado, são.
Porque, como disse ele ao nazareno, "não
precisas vir a minha casa, Senhor, mas com uma palavra tua meu servo há de
sarar"; pela mesma forma que com uma palavra minha, os prisioneiros são
postos em liberdade."
Foi assim que o centurião creu, e foi assim que seu
servo foi curado; e assim foi que Jesus afirmou ter ele de sarar, quando disse:
"Como creste, assim te seja feito!"